HABITAÇÃO SOCIAL - Problema coletivo

HABITAÇÃO SOCIAL - Problema coletivo

Por Carolina França Lacerda*

Se tamanho é documento, então cada metro mal planejado é desperdício assinado em cartório.

Trabalhando com habitação econômica, aprendi rápido: cada metro quadrado custa — e quem paga é sempre o cliente.

A ineficiência da empresa, o projeto sem aderência, a norma urbana mal redigida, o processo público engessado — tudo isso vira preço, vira atraso, vira exclusão.

“Mas estamos falando do mínimo.”

Sim, estamos.

E o mínimo, para milhões de brasileiros, ainda é luxo. O teto que alguns discutem como o “padrão mínimo” é, na prática, o máximo que 7 milhões de pessoas conseguem sonhar.

E aqui deixo um recado incômodo: quem entrega um MCMV dentro da regra da Caixa e do FGTS, atendendo à NBR 15575, já faz mais do que boa parte do mercado tradicional. Porque cumpre com dignidade o que outros ainda chamam de “mínimo técnico”.

O problema é que tem gente que trata esse tema como se estivesse falando de planilha. Não está. Está falando de gente. Projetar com um metro a mais ou a menos muda tudo. Cada m² não usado, mal pensado ou ineficiente custa mais do que cimento. Custa acesso.

E não, o problema não é (só) do governo federal. O município que não atualiza seu código de obras e plano diretor, que ignora a viabilidade urbana, que dificulta PPPs ou se omite na legislação, está empurrando famílias para a informalidade.

A política pública de moradia não acontece no discurso — acontece na lei de uso do solo, no incentivo à habitação social adequada e na coragem de assumir que o problema é coletivo.

Quer melhorar a habitação social? Comece aceitando que o básico bem feito ainda está longe de ser o padrão. E que “mínimo” não deveria ser o máximo alcançável.

*Engenheira Civil, diretora do Sinduscon-GO e consultora em desenvolvimento imobiliário, estratégia e viabilização de empreendimentos.

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